Quem tortura uma borboleta na roda?*

Comentarios
O Sr. Sérgio Moro é hoje um símbolo. Desperta nos brasileiros apreço e repulsa. Todos (com exceção dos condenados) reconhecem sua capacidade impecável na condução de processos e na elaboração das peças jurídicas. E concordam com o êxito da Lava Jato, que consegue prender figurões. 
Há muita gente que anda descontente com o magistrado. Acusam-no com falsas notícias nas redes sociais e preferem enxergar a sentença dada por ele a Luiz Inácio Lula da Silva como uma “perseguição política”. Mereceria Moro o falso testemunho? A “roda de tortura” contemporânea pode não ser igual à da inquisição, mas, neste caso, distribui ódio equivalente. Ela não deveria ser direcionada a um juiz probo e autônomo como Moro, nem mesmo a qualquer cidadão que apenas deseje que em seu país as leis sejam cumpridas por todos de igual modo.
É que a paixão política cegou os partidários de Lula. Eles já não conseguem enxergar pela ótica da razão. Ora, se Moro errou com Lula, teria acertado ao condenar Eduardo Cunha e Marcelo Odebrecht? Muitos diriam que o juiz acertou ao sentenciar esses dois réus. Lula seria diferente? Sabe-se que o ex-presidente praticou corrupção passiva ao aceitar o tríplex e outros “presentes” para facilitar contratos em estatais. Mas onde estão as provas? No depoimento de Léo Pinheiro, nas intercepções telefônicas, nos extratos bancários que, se não estão em nome de Lula ou em linha direta com sua pessoa, a ele foram direcionados, segundo investigações da Polícia Federal. Como se vê, Moro não criou provas a partir do nada; elas surgiram e as evidências comprovaram uma verdade que muitos ainda resistem em acreditar.
Partidários de Lula exigem como consolo a prisão de Aécio Neves, José Serra e Michael Temer, pois se Moro não os julga para mandá-los para o xilindró, tem o rabo preso com eles. E aqui, verifica-se a máquina de propaganda enganosa. Os líderes de “movimentos sociais” que vendem essas ideias para atiçar as massas sabem muito bem que esses três têm foro privilegiado. No caso de Aécio e Serra, cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) julgar, e Temer fica, a princípio, dependendo de denúncias feitas pela Procuradoria-Geral da República. Portanto, não está na alçada de Moro julgá-los.
Estariam todos mentindo e Lula falando a verdade? Até onde se sabe, ele não provou que Léo Pinheiro, Marcelo Odebrecht e Antônio Palocci mentiram. Lula conta com a servidão canina da militância e com a ignorância de parte do povo para repetir a máxima de Adolf Hitler que dizia: uma mentira repetida muitas vezes torna-se uma verdade. Mas Hitler escondeu que há um limite para essa prática e que, acabado o prazo de validade da mentira, a verdade reina. Hitler também não disse que a verdade dissipa o “cupim” da mentira e arrasa a vida de seus atores. Não disse, mas a história mostra como esses atores terminam seus espetáculos.
Os seguidores do lulismo preferem não ver isso e continuam dizendo que ele foi preso sem provas, porque não há bens em seu nome. Mas que juiz pegou quaisquer dos chefes do tráfico de drogas com pelo menos um papelote de maconha em mãos? No entanto, estão presos. Seriam inocentes por isso?  
A Moro cabe julgar os que estão ao seu alcance e é certo que qualquer ser humano lúcido faria o que ele fez. Um juiz não pode atuar com preferências e paixões e essa prática está longe de Sérgio Moro. Teremos a coragem de difamar quem exerce as leis com justiça por causa de picuinhas partidárias? O Sr. Moro merece nosso respeito.

*O título foi inspirado no verso do poeta inglês Alexander Pope

#Compartilhar: Facebook Twitter Google+ Linkedin Technorati Digg

0 comentários:

Postar um comentário

Sivaldo Venerando. Tecnologia do Blogger.