Morre Ferreira Gullar

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Poeta, crítico de arte, tradutor e ensaísta, Ferreira Gullar morreu no último domingo (4), de pneumonia. Era considerado o maior poeta vivo da literatura brasileira. José Ribamar Ferreira estreou nas letras no ano de 1940, em São Luís, Maranhão, sua cidade natal.
Ao sentir seu quadro de saúde se agravar por causa de uma pneumonia Gullar pediu à mulher, a também poeta Claudia Ahinsa, para não sofrer intervenções que prolongassem sua agonia. Os médicos sugeriram que ele fosse entubado. “Se você me ama, não deixa fazerem nada comigo. Me deixe ir em paz. Eu quero ir em paz”, pediu.
Gullar foi velado na Biblioteca Nacional no domingo. Na segunda-feira pela manhã, houve um cortejo até a Academia Brasileira de Letras. O poeta foi enterrado à tarde, no Mausoléu da ABL, no Cemitério São João Batista.

Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?

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